Memórias de Verde, Silêncios de Azul

Poemas soltos, por Elsa Braz

segunda-feira, agosto 29, 2011

A Nossa Senhora


Uma pequena imagem
Feita ás pressas, na madeira
Por um qualquer artista
Dos caminhos da guerra
No meu quarto
Á cabeceira.

Nossa Senhora
De vestido singelo
Com um manto até aos pés
O cabelo ondulado
Quase despenteado
Um rosto de criança
E um menino
Escondido
Junto ao peito.
Um menino
Adormecido
Que me vai emprestando
Aliviando o cansaço
Numa troca
De abraços.

Nossa Senhora
Da guerra, do medo,da fome
Que fala e chora
Sorri, consola
Num pedaço tosco de madeira
Por um qualquer artista
Á cabeceira.

Nossa Senhora
Razão
Sentido
A força
Da minha vida.

Na chegada.
Á partida.



quinta-feira, agosto 25, 2011

Á beira do destino




Sentei-me
Á beira do destino
Como se fosse o mar
Que sonhava em criança
Numa lágrima
Ou na gota de chuva.

Imaginando
O destino
Como se fosse o mar
Sentei-me
Sem nome
Numa qualquer praia.

E fui chapinhando
As asas das gaivotas
O cansaço
Dos passos
As ondas de sal
Lavadas de espuma

Acenando
Acenando
O sonho dos barcos.

Liberta
Do tempo e do espaço
No abraço
Do mar e do céu.

Liberta
Enfim
Liberta.

E simples.
Como grão de areia
No coração de um búzio
O espreguiçar
Do sol
O derramar
Da noite.