Como as árvores
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«-Disseram-me que era uma passagem. Só até recuperar.
Quando recuperei disseram-me que já não tinha casa. Este lar seria a minha casa.
Passei, então, a viver de esperas. Os filhos, os netos, os amigos.
Todos os dias, na hora da visita, caminhava para o portão, no fundo do jardim e esperava.
Regressava com as mãos a abarrotar de ausências, silêncios. Uma solidão cada dia mais funda e mais dorida.
Fui ocupando a cadeira de verga, na sala abarrotada com cadeiras todas iguais e uma televisão que falava para o vazio.
Quis contar as minhas histórias. Mandavam-me calar, para não perturbar.
Comecei a falar para dentro de mim.A viver a vida passada, os projectos de futuro, os sonhos, as esperanças. Às vezes até a sorrir. Feliz.Novamente menina correndo sem destino. Quem passa diz que sou maluquinha.
E...continuo viva. Em pé. Com a dignidade das árvores.
«-Disseram-me que era uma passagem. Só até recuperar.
Quando recuperei disseram-me que já não tinha casa. Este lar seria a minha casa.
Passei, então, a viver de esperas. Os filhos, os netos, os amigos.
Todos os dias, na hora da visita, caminhava para o portão, no fundo do jardim e esperava.
Regressava com as mãos a abarrotar de ausências, silêncios. Uma solidão cada dia mais funda e mais dorida.
Fui ocupando a cadeira de verga, na sala abarrotada com cadeiras todas iguais e uma televisão que falava para o vazio.
Quis contar as minhas histórias. Mandavam-me calar, para não perturbar.
Comecei a falar para dentro de mim.A viver a vida passada, os projectos de futuro, os sonhos, as esperanças. Às vezes até a sorrir. Feliz.Novamente menina correndo sem destino. Quem passa diz que sou maluquinha.
E...continuo viva. Em pé. Com a dignidade das árvores.
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