4 - As mensagens da Inês
«- Avó, quando eras como eu… assim… com a minha idade… tinhas medo de crescer?»
«- Muito medo.»
«- Porquê?»
Fiquei em silêncio observando a ansiedade crescente no olhar da Inês. Ah! Como eu tinha medo! Dormia toda encolhida porque acreditava que assim não crescia tanto. Usava sapatos bem apertados que magoavam os pés, mal reconhecia um corpo alongado, esguio e uns olhos enormes de tristeza e de espanto.
«- Sim. Tinha medo de crescer.» Disse, quase gritando.
«- Porquê?» Voltou a insistir a Inês.
«Porque me sentia um patinho feio, sem amigos em quem confiar, sem segurança, apavorada, rebelde, revoltada. Não me conseguia concentrar, detestava estudar…sobretudo… a matemática. Não gostava de mim.»
A minha neta parecia mais tranquila.
Pegou -me nas mãos, com uma carícia de asa e foi-me levando até ao banco de madeira pintado de branco, no outro lado do jardim.
«- Sabes, Inês, é difícil deixar de ser princesa, ser o centro do mundo e depois acreditar que já ninguém gosta de nós. Porque crescemos.
Um dia, a minha avó aproximou-se de mim, com aqueles sapatos de veludo que têm todas as avós e falou-me em crescer, por dentro.
É verdade que o meu corpo crescia…e o meu coração? A minha inteligência, o meu amor, os meus afectos?
Faltava-me aprender. A criar a harmonia dentro de mim.»
«- E o medo?» Perguntou a Inês.
«-O medo não existe. Somos nós que o inventamos. É como que uma desculpa.
Vê bem, os pássaros se não aprendessem a voar não sabiam a liberdade, a beleza do céu. Nem sabiam cantar porque faltavam ás aulas de música. E as flores, as árvores, a natureza? Se não aprendessem a crescer? Onde estavam os jardins, e os frutos, a beleza dos montes, os rios, o mar? Julgas que não vencem o medo?
Nós somos pessoas. Somos diferentes. Sabemos o porquê e a razão. Temos um corpo e uma alma.»
Uma nesga de sol encheu o rosto da minha pequena neta.
«- Então, a minha avó falou-me quase ao ouvido, com aquela sua voz de mistério - Só temos que aprender. Cada dia mais que no dia anterior. Descobrir. Conquistar. Lutar. Ás vezes bem difícil…sobretudo quando não se gosta da matemática…!
Mas…acredita… vale a pena.
Vale a pena. Para podermos ser felizes.»
«- Muito medo.»
«- Porquê?»
Fiquei em silêncio observando a ansiedade crescente no olhar da Inês. Ah! Como eu tinha medo! Dormia toda encolhida porque acreditava que assim não crescia tanto. Usava sapatos bem apertados que magoavam os pés, mal reconhecia um corpo alongado, esguio e uns olhos enormes de tristeza e de espanto.
«- Sim. Tinha medo de crescer.» Disse, quase gritando.
«- Porquê?» Voltou a insistir a Inês.
«Porque me sentia um patinho feio, sem amigos em quem confiar, sem segurança, apavorada, rebelde, revoltada. Não me conseguia concentrar, detestava estudar…sobretudo… a matemática. Não gostava de mim.»
A minha neta parecia mais tranquila.
Pegou -me nas mãos, com uma carícia de asa e foi-me levando até ao banco de madeira pintado de branco, no outro lado do jardim.
«- Sabes, Inês, é difícil deixar de ser princesa, ser o centro do mundo e depois acreditar que já ninguém gosta de nós. Porque crescemos.
Um dia, a minha avó aproximou-se de mim, com aqueles sapatos de veludo que têm todas as avós e falou-me em crescer, por dentro.
É verdade que o meu corpo crescia…e o meu coração? A minha inteligência, o meu amor, os meus afectos?
Faltava-me aprender. A criar a harmonia dentro de mim.»
«- E o medo?» Perguntou a Inês.
«-O medo não existe. Somos nós que o inventamos. É como que uma desculpa.
Vê bem, os pássaros se não aprendessem a voar não sabiam a liberdade, a beleza do céu. Nem sabiam cantar porque faltavam ás aulas de música. E as flores, as árvores, a natureza? Se não aprendessem a crescer? Onde estavam os jardins, e os frutos, a beleza dos montes, os rios, o mar? Julgas que não vencem o medo?
Nós somos pessoas. Somos diferentes. Sabemos o porquê e a razão. Temos um corpo e uma alma.»
Uma nesga de sol encheu o rosto da minha pequena neta.
«- Então, a minha avó falou-me quase ao ouvido, com aquela sua voz de mistério - Só temos que aprender. Cada dia mais que no dia anterior. Descobrir. Conquistar. Lutar. Ás vezes bem difícil…sobretudo quando não se gosta da matemática…!
Mas…acredita… vale a pena.
Vale a pena. Para podermos ser felizes.»
publicada por Elsa | 11:15
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